segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A Loucura de "A Saga Crepúsculo - Amanhecer - Parte I"

Por Caio Pimenta



As pessoas estão ficando loucas!

Somente isso e nada mais diferente consegue explicar o sucesso da “Saga Crepúsculo” e, mais precisamente, de “Amanhecer – Parte I”.

Como as pessoas conseguem enxergar nisso uma história de amor e não um filme com pessoas, no mínimo, com problemas psicológicos sérios?

A “Saga Crepúsculo” não resiste a uma simples análise em que paremos para fazer por dois minutos.

Não precisa ser um intelectual, ler mil livros do Nietzsche ou visto cem filmes iranianos ou ido em peças alternativas.

Basta refletir!

Topa o desafio?

Então, vamos!


Desde o início da Saga quando a humana Bella Swan (Kristen Stewart) descobre que o rapaz bonitão da sala dela, Edward Cullen (Robert Pattinson), era um vampiro e se apaixonam, a conversa entre os dois se resume a isso:

Bella -  Edward, eu não me sinto adaptada a esta vida. Quero ser vampira e viver com você! (tom melodramático, por favor)

Edward - Não, Bella. Você não sabe das conseqüências disso. (tom passivo)

Bella  - Olha Edward! Eu amo você, faço tudo por você. Eu quero morrer. (tom melodramático 2X)

Edward  - Não posso, Bella! (tom passivo)

Bella - Eu quero morrer! (tom melodramático + cara de choro)

Edward  - Não, Bella. (tom passivo)

Bella  - Quero Morrer, Edward!

Nisso, se resume grande parte dos primeiros filmes da saga e nas conversas entre os dois pombinhos (reparem que nos diálogos trocados pelos dois há sempre sofrimento e, raramente, brincadeiras ou declarações verdadeiras de amor).

Triste é perceber que, em nenhum momento, o roteiro parece se importar em fazer Bella se questionar se será válido morrer por um amor, abrir mão de uma vida, carreira, profissão, filhos porque gosta de um cara, se é uma paixão de adolescente (afinal de contas, somente em “Amanhecer” que ela completa 18 anos).

Até aí, não passava de uma tolice bobinha que dava para ser relevada facilmente.

Ok.

Porém, a série de barbaridades vistas em “Amanhecer-Parte I” assume um grau de ofensa a inteligência mínima que qualquer ser humano possui.

Olhar o que acontece com Bella e ver as atitudes tomadas por Edward são, no mínimo, revoltantes.

A PARTIR DE AGORA, NÃO LEIA CASO AINDA NÃO TENHA ASSISTIDO O FILME


Quem acompanha a história ou, pelo menos, é bem informado, sabe que neste quarto filme os pombinhos vão se casar e passar a lua-de-mel no Rio de Janeiro.

Porém, nesse meio do caminho somos testemunhas de uma das maiores loucuras já feitas por uma personagem no cinema nos últimos tempos: Bella, apesar de ter sido alertada do perigo que corria de se machucar fisicamente ao fazer sexo com Edward por este ser um vampiro, topa mesmo assim.

Resultado: no outro dia, a garota acorda com hematomas por todo o corpo e, mesmo assim, está satisfeitíssima com a noite de “amor”.

Para piorar, Bella insiste para fazer sexo mais vezes, em uma atitude que mostra sua total falta de amor por si própria, já que parece não se importar se vai ficar ferida ou não.

A desculpa usada por ela para não se transformar logo em vampira naquele momento era porque não queria ESTRAGAR a lua-de-mel, já que a transformação a faria ficar se contorcendo de dor por um dia inteiro.

Ou seja: ser espancada enquanto perde a virgindade, tudo bem. Estragar a lua-de-mel, não.

Daí, a autora do livro Sthepanie Mayer resolve “ferrar” de vez com a protagonista, engravidando-a de um ser que não se sabe se é vampiro ou humano.

O que acontece com Bella a partir deste momento é chocante: a menina emagrece completamente; hematomas disparam em seu corpo, para não falar da barriga que fica roxa (literalmente);  não consegue mais andar; mesmo não sendo vampira, precisa se alimentar de sangue para conseguir fazer o bebê se acalmar, chega a quebrar a bacia e a perna devido a um deslocamento abrupto do vampirinho....

Algo digno de “O Bebê de Rosemary”.

Mas, acredite se quiser: tudo isso é mostrado pelo filme como uma prova de amor e sacrifício por Edward.

Sim!

Roteiristas, atores e diretor apresentam tudo isso como uma grande prova de amor.

Amor?

Desejar a morte é amor?

Ver seu corpo se deteriorar é amor?

Se expor a dores terríveis é amor?

Amor a quê?

A Edward?

Um cara que simplesmente na noite do casamento a entrega ao outro homem que a ama, dizendo ser um presente? E que permite, na frente de toda família, que o rival abrace sua amada?

Um cara que aceita fazer sexo com ela mesmo que a deixe se machucar terrivelmente?

Um cara que sabe que se Bella levasse a gravidez adiante poderia morrer da pior maneira possível e mesmo assim fica imóvel, incapaz de tomar uma decisão firme?

Um homem (vampiro, ok!) que mesmo com seus séculos de vida não consegue impedir uma garota do ensino médio, com claros problemas psicológicos, de se apaixonar por ele? E que não a faz perceber de maneira minimamente convincente o quanto pode se arrepender da escolha e do que estará abrindo mão com a vida que pretende levar?

Não bastasse o casal mais transtornado da história do cinema, há Jacob.

Se ele até este filme, conseguia ser um cara legal com Bella e que a fazia se animar, ganhando a simpatia do público (confesso que não entendia porque ela não ficava com o vampiro, já que era Jacob quem mais a fazia rir e se divertir), dessa vez, a revelação guardada para o personagem o transforma em um pedófilo.

P-E-D-Ó-F-I-L-O!

Ou você não viu a maneira como ele olha para o bebê em uma cena tão mal construída que não possui metade do impacto que propõe?

Enfim...

Saber que há pessoas por aí que idolatram essa história de personagens com problemas psicológicos sérios e encaram tudo isso como uma prova de que o amor pode vencer barreiras, além de ser tudo perdoável pelo fato dos atores serem bonitos, me causa espanto.

Para mim, o sucesso da “Saga Crepúsculo”, principalmente de “Amanhecer”, mostram quanto às pessoas estão perdendo seu senso crítico e capacidade mínima de pensar, pois se fizessem, esses filmes não durariam muito tempo.

Não sou daqueles que acham que Hollywood seja o pior lugar do mundo e que só pensem em dinheiro, sendo incapazes de produzir bons filmes. Muito menos que esses filmes que possuem público-alvo em crianças e adolescentes sejam tolos, bobos e estúpidos, principalmente quando o assunto é roteiro.

Se assim fosse não teríamos obras-primas como “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, o primeiro“Jurassic Park”,  a trilogia “Toy Story” e tantos e tantos outros.

Como cinéfilo, acredito que o cinema é sim uma grande diversão, da mesma maneira em que creio que possa ser também um lugar para pensar.

Porém, ter que engolir Edward Cullen e Bella Swan e esse amor doentio é demais para mim.

Ainda não acho que estou tão louco.

 NOTA: 4,5 

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Estreias da Semana nos Cinemas de Manaus - 25 de Novembro


Filme: Happy Feet 2: O Pinguim
Direção: George Miller
Elenco: Vozes de: Daniel de Oliveira, Sidney Magal
Sinopse: Sequência do sucesso ganhador do Oscar® de Melhor Animação, Happy Feet 2 leva o público de volta às paisagens magníficas da Antártica. Mano e Gloria agora tem um filho, Erik, que se esforça para encontrar seus próprios talentos no mundo do Pinguim Imperador. Porém, novos perigos ameaçam a nação pinguim e todos vão precisar trabalhar, e dançar, para salvá-la.
Onde: Cinemark, Cinemais, Playarte e Severiano Ribeiro

Filme: Não Sei Se Ela Consegue
Direção: Douglas McGrath
Elenco: Greg Kinnear, Pierce Brosnan, Sarah Jessica Parker
Sinopse: Kate é o exemplo perfeito da mulher moderna: trabalha fora de casa, educa dois filhos, cuida do marido e de si mesma. Tudo vira de cabeça para baixo com o chegada de um novo e charmoso colega de trabalho, Jack. E agora conciliar amor, trabalho e família: será que ela consegue?
Onde: Cinemark, Cinemais e Playarte

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Estreia da Semana nos Cinemas de Manaus - 18 de Novembro


Filme: A Saga Crepúsculo – Amanhecer – Parte I
Direção: Bill Condon
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner, Anna Kendrick
Sinopse: A alegria de Bella Swan (Kristen Stewart) e Edward Cullen (Robert Pattinson), recém-casados, é interrompida quando uma série de traições e situações adversas ameaça destruir o mundo deles. Após o casamento, Bella e Edward viajam até o Rio de Janeiro para a lua-de-mel, onde finalmente se entregam a suas paixões. Bella logo descobre que está grávida, mas a chegada da filha, Renesmee, coloca em movimento uma perigosa cadeia de eventos.
Onde: Cinemark, Cinemais, Playarte e Severiano Ribeiro

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Oito Anos de Amazonas Film Festival - Prós e Contras

Por Caio Pimenta



Oito anos se vão desde que o Amazonas Film Festival teve início.

Durante esse período, o evento já reuniu nomes importantes do meio cinematográfico como Roman Polanski, Alan Parker e Fernando Meirelles, da mesma maneira que trouxe celebridades do naipe do ex-RBD Alfonso Herrera, Bai Ling e Neve Campbell.

Terminada mais uma edição do festival, uma pergunta fica em minha cabeça: o que o Amazonas Film Festival trouxe para a cidade, sua população e profissionais da área?

Enumero aqui dois pontos que julgo positivo e outros dois negativos, colocando em discussão para que você leitor pense, reflita, discorde ou concorde.

O espaço está aberto a pontos de vistas os mais variados possíveis.

Aspectos Positivos

1) Curso de Cinema na UEA

O anúncio feito pelo secretário Robério Braga na abertura do 8º Amazonas Film Festival da criação do curso de ensino superior de cinema na Universidade do Estado do Amazonas (UEA) é, sem dúvida, a principal contribuição do evento.

Pensar em uma faculdade de cinema no Amazonas a oito anos atrás seria um absurdo tão grande que até mesmo pedir que este fosse criado soaria absurdo.

Com o crescimento de produções locais no setor audiovisual estimuladas, entre outros fatores, pelo surgimento do AFF, o pedido, porém, começou a se tornar mais forte.

Ter um evento do tamanho que temos anualmente sem que haja um desenvolvimento na produção cinematográfica seria ilógica.

Depois de inúmeras promessas por parte do governo estadual, inclusive do atual governador Omar Aziz que afirmou na cerimônia de encerramento do ano passado a criação do curso para este ano, o curso sai do papel.

A formação de profissionais especializados na área pode levar o cinema amazonense a atingir patamares já obtidos por estados fora do eixo Rio-São Paulo, como Porto Alegre, Recife e Salvador, tornando nosso Estado definitivamente relevante no cenário nacional.


2) Credibilidade do Amazonas Film Festival cresce

A vinda de Fernando Meirelles para ser o presidente de Honra desta edição; o lançamento mundial de “Xingu”, superprodução de R$ 15 milhões; exibição de filmes que tiveram ótima recepção nas Mostras de Cinema de São Paulo e Rio de Janeiro como o iraniano “A Separação”, o argentino “O Estudante”, o brasileiro “Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Belos Lábios”; presença da imprensa especializada em cinema de vários cantos do país e importantes publicações européias.

Esses elementos todos citados acima mostram que o Amazonas Film Festival deixou de ser apenas um evento em que o exotismo de se realizar um festival de cinema em plena Selva Amazônica predomina, mesmo que isso seja um grande chamariz.

O Amazonas Film Festival também começa aos poucos a ser visto por produtores cinematográficos como uma boa porta de entrada para seus filmes serem reconhecidos.
São evoluções obtidas por um evento que tem se mostrado capaz de conseguir aliar show e glamour para vender como também qualidade técnica através da boa seleção feita pelos organizadores de filmes que concorrem nas mostras competitivas.


Aspectos Negativos

1) Concentração de Atividades no Largo de São Sebastião

Desde a primeira edição, o Amazonas Film Festival concentra suas atividades em um determinado espaço da cidade de Manaus: Largo de São Sebastião. As principais atividades se restringem ao Teatro Amazonas, Palácio da Justiça e o próprio Largo.

Os centros de convivência da família da Aparecida, Cidade Nova, além do Teatro da Instalação também possuem programação, porém restrita a exibição de filmes sem a presença dos convidados especiais ou da realização das convivência.

Infelizmente, regiões da cidade como a zona centro-sul, oeste e leste da cidade de Manaus fiquem de fora.

Seria tão interessante se Governo do Estado e Prefeitura de Manaus formassem uma parceria e pudessem ampliar a programação do festival com exibição e conversas do público com atores, diretores e produtores de cinema em outras áreas da cidade.

Por que não realizar isso no Parque do Idoso, Parque dos Bilhares, Parque do Mindu praças do Ouro Verde, Mauazinho e Nossa Senhora de Fátima que recentemente receberam o projeto “Cine da Gente”, da Prefeitura de Manaus?

Isso poderia fazer com que as pessoas conhecessem mais o festival e torná-lo algo que envolvesse, de fato, toda a cidade.


2) Espaço e consumo de filmes alternativos continua em baixa em Manaus

Ser cinéfilo em Manaus é uma coisa de guerreiro.

Veja os filmes que as redes de cinemas programam para a próxima semana na cidade: “Gigantes de Aço”, “O Preço do Amanhã”, “Atividade Paranormal 3”, “11-11-11”, “A Casa dos Sonhos”, “Contágio”, “Reféns”, “Terror na Água”, “Diário de um Banana 2”, “O Palhaço” e “A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte I”.

Tire o filme dirigido por Selton Mello e terás uma lista somente de blockbusters norte-americanos formada por longas medíocres e esquecíveis.
Que fique bem claro aqui: não sou desses que acha o cinema de Hollywood um lixo e que deveria ser banido de nossas salas. Tanto penso assim, que acho “X-Men – Primeira Classe” um dos cinco melhores filmes desse ano.

O problema é que continuamos a sofrer sem espaço para filmes mais artísticos e de outras regiões do mundo como a Europa e a América Latina.

Perdemos a chance de ter em nossas salas longas como o argentino “Um Conto Chinês”, o espanhol “A Pele que Habito”, de Pedro Almodóvar, o chinês “A Árvore do Amor”, de Zhang Yimou, entre outros.

Isso para não falar dos filmes que chegam atrasados como “A Árvore da Vida” e “Melancolia”, para ficar nos casos mais recentes.


Triste também foi ver um Teatro Amazonas quase vazio para a exibição inédita de “Late Bloomers”, de Julie Gravas com William Hurt e Isabella Rosselini, e de “Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Belos Lábios”, de Beto Brant e com a excepcional atuação de Camila Pitanga.

Ambos foram exibidos gratuitamente.

Repito: GRATUITAMENTE!

Para encher o Teatro e não “pegar mal” para a imprensa de fora do Amazonas e os artistas presentes, a organização do festival encheu a sala de estudantes de colégios públicos.*

Preocupa-me que em oito anos de Amazonas Film Festival e a exibição de belos filmes durante toda essa trajetória (somente em 2010, tivemos “Lixo Extraordinário” e “Inverno da Alma”), não conseguimos criar um público na cidade para esse tipo de filme que fuja do padrão de Hollywood.

Para piorar, as atividades cineclubistas pouco evoluem em nossa cidade e as sessões vivem às moscas, limitada ao mesmo grupo, sem a vontade dos realizadores de promoverem e expandi-las.

Um festival como o AFF precisa estimular o consumo de mais filmes alternativos.

Poderíamos ter o “esquenta” do Amazonas Film Festival”:  sessões freqüentes de cinema, promovendo a exibição de longas que não chegam ao circuito comercial com freqüência ou mostras de grandes diretores (Almodóvar, já citado aqui, poderia ser uma ótima escolha para iniciar) em várias partes de Manaus e no interior do Estado.

De nada adianta termos um festival que traz filmes que o público da cidade não se sente estimulado a assistir e viver somente da platéia que vai ver o “Poncho”, Max Fercondini ou a Malu Mader.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Estreias da Semana nos Cinemas de Manaus - 11 de Novembro


Filme: 11-11-11
Diretor: Darren Lynn Bousman
Elenco: Michael Landes, Wendy Glenn, Timothy Gibbs
Sinopse: Por muitos anos, os números 11.11 aparecem misteriosamente para milhões de pessoas em todo o mundo. Tornou-se conhecido como o fenômeno 11.11. No dia 11 do mês 11 de 2011, um portal se abrirá e uma força sobrenatural será liberada.
Onde: Cinemark, Cinemais, Playarte e Severiano Ribeiro

Filme: Reféns
Diretor: Joel Schumacher
Elenco: Nicolas Cage, Nicole Kidman, Cam Gigandet
Sinopse: Kyle e Sarah vivem em uma elegante e segura casa com todos os confortos modernos. Sua única filha, Avery (Liana Liberato) é uma adolescente linda mas ainda muito rebelde. Tudo está bem até o momento em que a casa é invadida por criminosos e a família é feita refém. Agora todos os segredos da família deverão ser revelados na luta contra os invasores.
Onde: Cinemark, Cinemais, Playarte e Severiano Ribeiro

Filme: Late Bloomers – O Amor Não Tem Fim
Diretor: Julie Gravas
Elenco: Isabella Rossellini, William Hurt
Sinopse: O filme mostra um casal do Século XXI, com todas as alegrias e realidades de um casamento de 30 anos. Até que, um dia eles descobrem, para sua grande surpresa, que estão envelhecendo. Ambos tentam, cada um a seu modo, de maneira opostas, até cômicas enfrentar as reações de uma nova realidade.
Onde: Cinemark e Cinemais

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Vencedores do Amazonas Film Festival 2011


Vencedores da Mostra Internacional de Longa-Metragem

Melhor Filme: A Fonte das Mulheres (Irã)

Melhor Diretor: Santiago Mitre, de “O Estudante” (Argentina)

Melhor Ator: Zé Carlos Machado, de “Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Belos Lábios”

Melhor Atriz: Camila Pitanga, de “Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Belos Lábios”

Melhor Roteiro: A Separação (Irã)

 Melhor Fotografia: A Fonte das Mulheres

Menção Honrosa - ‘Os Últimos Cangaceiros’, de Wolney Oliveira

Vencedores Melhor Curta-Metragem Brasil: 
Prêmio do Júri: Cachoeira, de Sérgio Andrade
 Prêmio Popular: Lápis de Cor, de Alice Gomes

Melhor Direção - Gilson Vargas, com ‘Casa Afogada’
Melhor Atriz - Amélia Bittencourt, por ‘Qual Queijo Você Quer’
Melhor Ator -  Maurício de Barros, por ‘Cine Camelô’
Melhor Roteiro -  'A Dama do Peixoto’, de Douglas Soares e Allan Ribeiro
Melhor Fotografia - ‘Ensolarado’, de Ricardo Targino
Melhor Roteiro do Banco Daicoval - Marissol Nanni, com  ‘Na Rota Da Ilusão’



Vencedor Melhor Curta-Metragem Amazonas:

 Prêmio do Júri: Parente, de Aldemar Matias
Prêmio do Público: Parente, de Aldemar Matias

Melhor Direção -  Leonardo J. Mancini, com ‘Morto Vivo’
Melhor Atriz -  Mariana Campos, pela atuação em ‘Morto Vivo’
Melhor Ator - Leonardo J. Mancini, pela atuação em ‘Morto Vivo’
Melhor Roteiro - ‘Alegoria da Preguiça’, de João Aureo
Melhor Fotografia -  ‘Parente’, de Aldemar Matias
Prêmio Especial - ‘Rito de Morte’, de Sávio Stoco

Amazonas Film Festival: Crítica - "O Carteiro", de Reginaldo Faria

Por Caio Pimenta



“O Carteiro”, de Reginaldo Faria, é um filme que sofre ao longo de sua história com uma grave crise de identidade.

Explico: com um roteiro que não consegue decidir que rumo tomar, o longa não se decide se é uma comédia ou drama ou policial e acaba, no final, sendo um grande nada.

A história mostra Victor (Carlos André Faria), um jovem carteiro da pacata cidade gaúcha de Venato. Ao lado de seu parceiro de trabalho, tem o costume de violar cartas dos moradores da região para saber da vida deles. O rapaz se apaixona pela bela Marli (Ana Carolina Machado) que tem um namorado no Rio de Janeiro com o qual se comunica através de .................. (adivinha?)......................... cartas.  Ao abrir as correspondências entre o casal, Victor vai tramando maneiras de acabar com o relacionamento e conquistar a mocinha.
Através descrição da história aí em cima percebe-se que não se trata de nenhum Shakespeare ou trama revolucionária. Porém, nem todos os grandes filmes possuem histórias inovadoras (“Titanic”, “Central do Brasil”, “Um Sonho de Liberdade, “Tubarão” são bons exemplos).

Porém, a falta de rumo que “O Carteiro” mostra durante sua projeção é que o impede de ser um bom filme. Ora optando em ser uma comédia com seus momentos engraçados, como as “pegadinhas” elaboradas por Victor e seu colega de trabalho, ora querendo ser um drama com o protagonista sofrendo pelo amor de Marli, ora tentando ser um policial de quinta categoria com direito até mesmo a sequência de interrogatório, faz o filme não ter um foco, “atacando” para todos os lados e não se definindo em momento algum.
Além disso, “O Carteiro” não sabe lidar com o grande número de personagens coadjuvantes que participam da história. O caso do comerciante Joca, vivido por Zé Victor Casteli, é um ótimo exemplo.
Com uma paixão secreta por uma viúva da cidade, o personagem se torna uma pessoa simpática aos olhos do público de imediato, pois ao vermos, percebemos através de seu olhar e comportamento, o amor que não pode revelar e nos damos conta de seu sofrimento. Quando começamos a nos interessar mais pela história de Joca, porém, o roteiro escrito também por Reginaldo Faria, muda de foco e volta à história do protagonista e de outros inúmeros coadjuvantes. No momento que decide voltar, o impacto é bem menor.

Como se já não bastasse tudo isso, Reginaldo Faria ainda opta por tentar reforçar estes momentos com artifícios ridículos. Ao colocar personagens recitando poemas de maneira teatral durante uma aula com o objetivo de mostrar os dilemas de determinado personagem ou ao inserir uma sonorização de tambores do exército a cada aparição do delegado interpretado por Marcelo Faria (péssimo, diga-se de passagem) somente para mostrar a autoridade do delegado, o diretor-roteirista praticamente nos dá um certificado de incapaz de entender o que estamos vendo.
Para não falar que tudo é uma desgraça, “O Carteiro” possui boas atuações, principalmente, do protagonista do filme, o ator Carlos André Faria (também filho de Reginaldo). Versátil, o rapaz mostra que é capaz de ir do menino feliz e bagunceiro do início do filme ao jovem tenso e preocupado da parte final. Vale também destacar as atuações de Felipe de Paula, Zé Victor Casteli e Anselmo Vasconcelos.

“O Carteiro” possui boas intenções, mas falha por sua completa indecisão no rumo que a história deveria tomar. Reginaldo Faria tem talento como diretor, porém, como roteirista, ainda precisa melhorar um pouquinho mais.

NOTA: 6,0


terça-feira, 8 de novembro de 2011

07/11 - Mostra competitiva: “A Fonte das Mulheres”, de Radu Mihăileanu



Por Renildo Rodrigues

 
            A programação da noite de segunda-feira no Teatro Amazonas não poderia ter sido mais diferente da de domingo. Não em qualidade, que fique bem claro, mas nas temáticas, nas abordagens e até mesmo nos universos retratados nos filmes.


            A ecologia deu o tom nos dois curtas que abriram a noite. “Encontro das Águas”, de Bruno Torres, também abriga na direção o documentarista Evaldo Mocarzel (“À Margem da Imagem”). Mais próximo de um ensaio ou meditação do que de uma narrativa propriamente dita, o filme mistura imagens e sons da natureza, captados na Chapada dos Veadeiros (GO) para deslumbrar o espectador. Apesar da beleza das cenas, o filme acaba sendo pouco mais do que um experimento.


            “Casa Afogada”, de Gilson Vargas, é mais convencional. Um homem (Zé da Terreira) luta para salvar sua casa da força de um rio, na esperança de preservar as memórias de sua vida. História simples, direta, mas também alegórica, tira sua força do rosto expressivo do protagonista Zé. Um bom filme, mas de estatura menor na competição.


            “A Fonte das Mulheres”, do romeno Radu Mihăileanu, valeu a noite. Um dos indicados a Melhor Filme no Festival de Cannes desse ano, o longa conta a história de Leila (Leïla Bekhti), habitante de um vilarejo muçulmano que organiza uma greve de sexo contra os abusos da população masculina local. Inspirado em um episódio recente ocorrido na Turquia, o filme é um belíssimo libelo em favor das mulheres e do amor romântico. Envolvente, bem dirigido, com ótimas atuações e equilibrado nos momentos de drama e humor, “A Fonte...” conquistou a plateia do Teatro, que aplaudiu com entusiasmo ao fim da sessão.
            Um ótimo candidato a melhor filme da Mostra.


Nota: 9,0

Atrações desta quarta do Amazonas Film Festival 2011



Melhor do Dia 


O Quê: Exibição de “Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Belos Lábios” – Mostra Internacional de Longa-Metragem

Local: Teatro Amazonas

Quando: a partir de 19:30hrs


Sinopse: Um triângulo amoroso envolve Cauby um fotógrafo de passagem pelo interior da Amazônia, a bela e instável Lavínia e seu marido, o pastor Ernani, que acredita ser possível consertar as contradições do mundo. Lavínia, o corpo; Cauby, o olhar; Ernani, a palavra – os três vértices de uma paixão incandescente, em meio à natureza ameaçada pela devastação.



Outras três boas atrações do dia


O Quê: Exibição de “Late Blomers – O Amor Não tem Fim” – Mostra Internacional de Longa-Metragem

Local: Teatro Amazonas

Quando: a partir de 16hrs

Sinopse: Maria e Adam são um casal do Século XXI, com todas as alegrias e realidades de um casamento de 30 anos. Até que, um dia eles descobrem – para sua grande surpresa – que estão envelhecendo. Ambos tentam, cada um a seu modo, de maneira opostas, até cômicas enfrentar as reações de uma nova realidade. Amigos e a família conspiram para reaproximá-los, mas eles não deveriam confiar apenas na vida e no amor?


O Quê: 2º Dia do Seminário Iberoamerican Film Crossing Borders

Local: Caesars Business

Quando: a partir de 8hrs e 15hrs


O Quê: Exibição de Curtas-Metragens amazonenses

Local: Terminais da Cidade Nova, São José e Jorge Teixeira

Quando: a partir de 18hrs

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

06/11 - Mostra competitiva: “O Estudante”, de Santiago Mitre



            Por Renildo Rodrigues


Quarto dia de Amazonas Film Festival, que em sua 8ª edição chega à maturidade, trazendo um elenco de produções e realizadores de alto nível, e uma disposição de firmar-se como referência para o calendário brasileiro.


Os filmes exibidos na mostra competitiva de curtas e longas deste domingo (6) não desapontaram, mas as surpresas talvez tenham ficado aquém do esperado. O começo, muito bom, foi com o curta “Sala dos Milagres”, de Cláudio Marques e Marília Hughes. Feito em cima da procissão anual de Bom Jesus da Lapa, na Bahia, o filme alcança um bom equilíbrio nas aproximações entre o sensual e o sacro, a religiosidade e a cultura popular. A produção seguinte, “BraXília”, é ainda melhor. Uma pequena reflexão sobre a capital federal a partir da visão do poeta Nicolas Behr, “BraXília” faz relembrar a produção cultural da década de 1970, e ainda resgata a história “oculta” da cidade, das pessoas e lugares que normalmente não associamos a ela. O protagonista Behr também merece destaque.


O mais aguardado da noite, “O Estudante”, do diretor e roteirista argentino Santiago Mitre, é que acabou deixando a pior impressão. Não se trata de um filme ruim, muito pelo contrário. O problema é a comparação com os outros trabalhos de Mitre.
Para quem não teve a oportunidade de assistir a “Abutres” (2010) e “Leonera” (2008), do diretor Pablo Trapero, é bom que se diga logo: são dois dos trabalhos mais maduros e bem-realizados do cinema argentino recente. Nos dois, o roteiro é de Mitre. Como não poderia deixar de ser, a trama envolvente é a maior qualidade de “O Estudante”. Roque (Esteban Lamothe) entra para a Universidade de Buenos Aires, onde se envolve com a líder estudantil Paula (Romina Paula), e com ela adentra o intrincado mundo da política universitária.
Espécie de thriller sem balas, “O Estudante” traz uma proposta inteligente e um escopo épico: sua referência são os filmes que examinam uma sociedade por meio de suas figuras de poder, como as séries “O Poderoso Chefão”, “Wall Street”, ou, para usar um exemplo recente, “A Rede Social”. Se o filme de Mitre não é tão bom quanto o de David Fincher, parece ter mais a ver com a falta de recursos para a produção do que qualquer outra coisa. Há mais, porém: o texto político que percorre o filme, ainda que maduro e rico em ideias, atrapalha na identificação entre o espectador e Roque. Uma montagem mais enxuta também ajudaria.


São defeitos pequenos. No entanto, marcam uma diferença entre o trabalho de Mitre como diretor e o de seu colaborador Trapero. Vale registrar, contudo, que estamos diante do primeiro filme de Santiago, e que seu texto, cada vez mais nuançado, é um dos melhores do cinema atual. Saldo final: sem grandes surpresas, mas mantendo o alto nível da programação do Festival. Vamos ver o que nos aguarda nesta segunda-feira.


   
Nota 8,0

Crítica – Meu país (8º Amazonas Film Festival)

 Por Jéssica Santos



Após anos fora do Brasil, separado da família pela distância e principalmente pelo afeto, Marcos (Rodrigo Santoro) é obrigado a retornar ao país quando seu pai, Armando (Paulo José), sofre um derrame e acaba falecendo. Executivo, casado e bem-sucedido na Europa, Marcos reencontra Tiago (Cauã Reymond), seu irmão mais novo. Ao contrário do primogênito, Tiago não tem vocação para os negócios, vivendo uma vida de playboy, filho de pai rico. Para aumentar o conflito entre os irmãos, eles descobrem que possuem uma meia-irmã, Manuela (Débora Falabella), vítima de deficiência intelectual. Uma filha que Armando sempre manteve escondida de toda a família.


Meu país não é, ao contrário do que sugere o título, um filme sobre a pátria especificamente. É um filme de um personagem que tenta reencontrar sua identidade dentro da sua família, reintegrar-se a ela, de quem se afastou durante muito tempo.

O diretor André Ristum, também responsável pelo roteiro com Octavio Scopellitti e Marco Dutra, optou por um longa-metragem em que o silêncio e os gestos estivessem presentes; e que eles dissessem muito. Conseguiu. Meu país é um drama no sentido mais amplo da palavra; carregado de cenas tristes, realçadas pela trilha sonora melancólica e pela total ausência de sorrisos dos personagens, sempre ásperos, secos e tristes.

O olhar sensível do diretor, e o uso da comunicação da imagem, mais do que a comunicação verbal (como diz o próprio diretor) são pontos positivos da trama. Porém, o filme só é recomendado para quem está levando uma vida leve e feliz; se a pessoa está deprimida, assistir a ele a deixará ainda pior, porque Meu país causa uma sensação de verdadeira angústia durante todo o filme, especialmente até os primeiros 45 minutos, depois alguns momentos amistosos entre os irmãos Marcos, Tiago e Manuela permite mais leveza no drama do longa.


Os diálogos autênticos são outro ponto a favor do filme, mas a história é um pouco lenta. Já o roteiro do filme é daqueles que não dá as respostas “de mão beijada” ao espectador. A narrativa termina sem dar “final para nenhum dos personagens”, apenas sugestiona o que irá acontecer no futuro deles. E em nenhum momento se explica porque o personagem de Rodrigo Santoro (Marcos) saiu do país, se afastando da família, outra vez, apenas se sugestiona. Enquanto o público aguardava para saber se ele teve alguma desavença com o pai, sendo essa a explicação mais provável; por isso a mágoa e dificuldade para chorar no seu enterro.
A história do filme se confunde com a minha própria história. Também saí do país, e ao retornar tive que reencontrar minha identidade. Meu país já nos rendeu muitas alegrias! (André Ristum, durante o 8º Amazonas Film Festival)
O filme é muito bom por isso, não é comum hoje, um filme valorizar a imaginação do espectador, como Meu país fez. Além disso, os atores tiveram todos, grandes atuações. Vamos aguardar pelos próximos frutos do diretor André Ristum, que está só começando, mas parece um experiente diretor.

Atrações desta segunda do Amazonas Film Festival



Melhor do Dia

O Quê: Aula Inaugural do Seminário Iberoamerican Film Crossing Borders

Local: Caesars Business

Quando: de 16:30hrs – 17:30hrs


Outras boas atrações desta segunda:


O Quê: Exibição de “A Fonte das Mulheres” – Mostra Internacional de Longa-Metragem

Local: Teatro Amazonas

Quando: a partir de 19:30hrs

Sinopse: Centrada na guerra dos sexos, esta comédia dramática é uma fábula moderna de uma pequena vila onde mulheres ameaçam fazer greve de sexo se os homens não buscarem água em um lugar longínquo. A rebelião é liderada pela jovem liberal Leila (Leïla Bekhti).


O Quê: Exibição de “O Saci”, de Rodolfo Nanini - Participação da Orquestra Jovem Encontro das Águas do Liceu de Artes e Ofício Claudio Santoro em homenagem ao Maestro Claudio Santoro

Local: Teatro Amazonas

Quando: a partir de 14hrs

Sinopse: Baseado nos livros de Monteiro Lobato - As aventuras de Pedrinho e Narizinho no Sítio do Picapau Amarelo, o filme narra as aventuras de Pedrinho, Emília e Narizinho, as voltas com personagens do folclore brasileiro, como o Saci e a Cuca.



O Quê: Exibição de “5X Favela – Agora é Por Nós Mesmo”, de Luciana Bezerra, Cacau Amaral, Rodrigo Felha, Wavá Novais, Manaíra Carneiro, Cadu Barcellos, Luciano Vidigal

Local: Centro de Convivência da Aparecida e Centro de Convivência Padre Vignola

Quando: a partir de 19hrs

Sinopse: 5x Favela, Agora por Nós Mesmos, é formado por cinco histórias independentes entre si, cômicas e trágicas, que refletem as múltiplas faces do cotidiano dos moradores das favelas e fogem dos estereótipos violentos que costumam se perpetuar na representação da vida nas comunidades.