sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Soundtracks – Stanley Kubrick

Stanley Kubrick (1935-1999) é um nome que costuma exaltar os ânimos dos cinéfilos, capaz de “rachar” qualquer discussão de botequim.

Diretor, roteirista, fotógrafo, montador e produtor, Kubrick responde por algumas das obras mais ousadas e vigorosas da Sétima Arte, inspirando novos cineastas e assombrando o público há décadas.

Arrisco dizer que não há pessoa que goste de filmes que já não tenha visto Laranja Mecânica (1971), O Iluminado (1980) ou o arrebatador 2001 – Uma Odisséia no Espaço (1968), para ficarmos somente nos famosos.

Mas uma análise da obra cinematográfica de Kubrick (que já foi tema de um Biografia na nossa 2ª temporada do SET UFAM) não é o tema do post de hoje.

E sim a influência que ele exerceu sobre um outro aspecto de seu ofício: as trilhas sonoras. Tudo porque, num belo dia, Stanley resolveu desencavar alguns LP’s de sua coleção.

Não, não foi tão casual assim. Kubrick mudou tudo porque precisava, na prática, de algo que combinasse com as imagens ritmadas da obra que estava filmando à época – 2001.

É sabido, porém, que, com o filme ainda na fase de pré-produção, Kubrick encomendara ao compositor Alex North (com quem trabalhou em Spartacus) uma trilha sonora original (e convencional). Foi na fase da montagem que a ideia piscou: sem a música de North, que ainda não estava pronta, Kubrick, que concebeu algumas daquelas imagens a partir da música que ouvia em casa, resolveu incorporar essas peças ao filme.

Claro que, sendo Kubrick quem era, o que ele ouvia em casa era para poucos (ou pouquíssimos): o poema sinfônico de Richard Strauss, Assim Falou Zaratustra, o balé Gayane, de Aram Khachaturian, e a música dissonante e assustadora de György Ligeti. Perto disso, a valsa Danúbio Azul, de Johan Strauss II, era quase um agrado.

Em termos cinematográficos, contudo, a trilha se encaixou à absoluta perfeição. Ficou impossível, desde então, dissociar algumas sequências do filme da música poderosa que as acompanha. Que tal ver o nascer do sol ao som do Zaratustra, pairar no infinito com o Danúbio ou vislumbrar atônito o monólito com o Réquiem? Quem já viu 2001 há de concordar.

O sucesso dessa combinação inspirou Kubrick a dar um passo além no trabalho seguinte, Laranja Mecânica.

Desta vez, para espanto dos puristas, o diretor mexeu com monstros da envergadura de Beethoven e Rossini, de quem incluiu, respectivamente, a Nona Sinfonia e a ópera La Gazza Ladra.

Não contente, ele pediu que o vanguardista Walter Carlos mexesse em alguns dos temas, inserindo tratamentos eletrônicos, além de criar composições novas. O resultado não foi tão positivo: as intervenções do músico ficaram datadas rapidamente, não poupando nem a magistral Nona.

Por outro lado, é o mesmo Carlos quem garante a perenidade da tracklist: os sintetizadores lúgubres da sua versão de Música para o Funeral da Rainha, de Henry Purcell, e Timesteps, de sua autoria, são obras-primas de um período pré-Kraftwerk.

Mas a melhor de todas é mesmo a trilha que Kubrick criou para Barry Lyndon (1975).

Melhor até do que o filme em si (e olha que, pra mim, ele pertence ao primeiro escalão do diretor), a música reflete a opulência dos círculos aristocráticos retratados na trama: a Sarabanda de Händel, o Concerto para Violoncelo de Vivaldi, o Concerto para Duas Harpas, de Bach, e, acima de todos, o esplêndido Trio para Piano, Violino e Violoncelo de Schubert.

Conduzida pelo maestro Leonard Rosenman, a trilha rendeu a Barry Lyndon um dos únicos Oscar já conquistados por um filme de Kubrick (o outro foi o de Efeitos Especiais por 2001, descontando-se o de Melhor Fotografia em Spartacus, que foi obra de Kubrick, mas pela qual Russell Metty levou o crédito).

Novamente em catálogo desde 1999, é a seleção mais preciosa do diretor.

Por último, vale mencionar a música em De Olhos Bem Fechados (1999).

O derradeiro trabalho de Stanley Kubrick tem uma trilha sonora marcadamente sexy, à maneira das imagens na tela. Ela também traz à tona uma paixão antiga, mas pouco explorada, pelo diretor: o jazz..

Kubrick, que na adolescência foi baterista em diversos conjuntos, usa algumas das gravações mais hot dos pianistas Oscar Peterson (“I Got It Bad [and That Ain’t Good]”) e Brad Mehldau (“Blame It on My Youth”), além de standards (“When I Fall in Love”, “Strangers in the Night”) e, claro, música erudita (Musica Ricercata, de Ligeti, e a Valsa II da Suíte para Orquestra de Variedades, de Shostakovich).

Você pode baixar essas trilhas nos seguintes links:

2001: http://www.mediafire.com/?yejc68sdlzi

Laranja Mecânica: http://www.mediafire.com/?tyxmmtwkbyk

Barry Lyndon:

http://rapidshare.com/#!download|881tl4|409203032|BarLyn.rar|74755

De Olhos Bem Fechados: http://www.mediafire.com/?22neyiozy5n

E aqui vai um dos trechos da genialidade de Kubrick em "2001: Uma Odisséia no Espaço":


Até o próximo Soundtracks!

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