segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Crítica - Coração Louco

Por Diego Bauer

Estamos em clima de premiações, visto que acabamos de sair do Globo de Ouro e estamos na expectativa para o Oscar. E por falar nisso, tudo indica que Colin Firth deve levar o prêmio de melhor ator, por O Discurso do Rei. O que para muitos seria uma forma de compensar o Oscar perdido no ano passado, quando o ator concorreu com Direito de Amar. Mas para quem foi mesmo, que o Colin Firth perdeu? Foi para Jeff Bridges, com o filme Coração Louco, que é sobre o qual falarei agora.

Tudo bem, não precisa se envergonhar se você não viu, ou nem sequer ouviu falar deste filme, pois ele nem chegou aos cinemas daqui e foi direto para DVD (Mesmo com 3 indicações ao Oscar!). Fato este que novamente nos estimula a falar sobre a pífia variedade de filmes exibidos nas salas de cinema daqui, mas prefiro nem entrar nessa discussão. Vamos voltar ao filme.

À primeira vista, Coração Louco (do diretor estreante Scott Cooper) me pareceu bastante parecido com O Lutador, do Darren Aronofsky, que provavelmente será indicado ao Oscar deste ano por Cisne Negro. Se esquecermos o fato de que Bridges interpreta um cantor e Mickey Rourke um lutador, temos personagens bastante semelhantes: Um homem, já de certa idade, que era muito bom no que fazia, ganhou dinheiro e fama, mas não contava que o tempo e o modo de vida que levava iria atrapalhá-lo no futuro, e que depois de tudo viveria apenas do que já tinha feito num passado glorioso, e que teria que se acostumar com um presente nada glamouroso.

A história começa mostrando como é a vida de Bad Blake (Bridges) depois de seus anos de glória como cantor. Apresentações em bares e boliches, fãs cada vez mais escassos, um filho que ele não vê há anos, e o alcoolismo são a nova realidade a que o nosso herói tem que se acostumar. Além disso, ter de administrar o fato de seu “pupilo” Tommy Sweet (Colin Farrel) fazer muito mais sucesso que ele. Mas parece que as coisas começam a mudar quando Blake conhece Jean (Maggie Gyllenhaal). Além de estar feliz com um possível novo amor, Blake vê em Buddy, filho de Jean, uma forma de, de certa maneira, reparar a relação (ou falta dela) com o seu filho que ele não sabe nem onde encontrar.

Como se pode ver, a história não traz nada de novo. Portanto a grandiosidade ou não deste filme, dependeria de suas interpretações, principalmente a de seu protagonista. E eles cumprem bem o seu papel. Bridges se entrega totalmente ao personagem, e consegue mostrar todo o vazio que Blake tem em si, seja na forma como ele conduz a sua “carreira”, ou como ele vê no álcool uma maneira de tentar esquecer o momento ruim que está vivendo. Maggie Gyllenhaal faz por merecer a sua indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante, como uma mulher forte, mas cansada de se enganar em relações sem futuro. Outro destaque fica por conta de Colin Farrel, que faz uma interpretação contida, sem exageros, mantendo o alto nível do filme.

Outro belo destaque do filme é a sua ótima trilha sonora, que traz belas músicas que cabem perfeitamente em cada momento vivido por Bad Blake, conduzindo o público da comédia ao drama magistralmente.

Se Jeff Bridges merecia vencer o Oscar de melhor ator, ainda não posso dizer com toda a convicção, mas certamente é uma grande interpretação que conduz um bom filme.

NOTA: 7,5

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